PROCOL HARUM - "A WHITER SHADE OF PALE" OU BACH PSICODÉLICO - A MITOLOGIA POR TRÁS DA MÚSICA

  

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Memórias, Momentos e Músicas: Procol Harum – “A Whiter Shade of Pale” ou Bach psicodélico

Paulo Fernandes / 23/01/2018

A WHITER SHADE OF PALE – PROCOL HARUM

Uma das músicas mais tocadas e regravadas de todos os tempos, A Whiter Shade of Pale é uma composição tão primorosa que empalideceu toda a produção subsequente do grupo inglês Procol Harum. Lançada em maio de 1967, surpreendeu o público e a crítica por ter sua estrutura musical bem diversa do que se fazia no rock daquele tempo.

Composta por Gary BrooksKeith Reid e Matthew Fischer, a canção é considerada como um dos primeiros rocks progressivos da história. Seu clima etéreo e barroco deve muito ao compositor Johann Sebastian Bach. Os autores dizem ter se inspirado em algumas composições do mestre alemão: nas cantatas “Ich steh mit einem Fuß im Grabe” e “Wachet auf, ruft uns die Stimme” e na peça instrumental Ária na quarta corda derivada da “Suíte Orquestral nº 3”. Além de Bach, encontram-se influências da canção When a Man Loves a Woman de Percy Sledge.

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Um tom mais branco de palidez, em tradução livre, também suscitou especulações sobre o conteúdo da letra. Alguns estudiosos dizem tratar-se de uma metáfora para relações sexuais. Já o autor da letra, Keith Reid, diz que ela é sobre uma garota deixando um rapaz numa cena de festa decadente.

Seja como for, A Whiter Shade of Pale tem seu lugar garantido no panteão das grandes canções do rock. Para termos uma ideia de sua importância, em 1977 ela foi escolhida pela Brit Awards, juntamente com Bohemian Rhapsody do Queen, o melhor single de música pop britânico do período de 1952 a 1977.

VÍDEOS

Inclui uma versão de Annie Lenox da qual gosto muito.

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Procol HarumA Whiter Shade of Pale

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Bach“Ich steh mit einem Fuß im Grabe” (Sinfonia)

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Bach: “Wachet auf, ruft uns die Stimme”

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Bach“Suíte Orquestral nº3” (Ária da quarta corda)

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Annie LenoxA Whiter Shade of Pale

Por trás da música: Procol Harum, “A Whiter Shade Of Pale”

PORJIM BEVIGLIA4 YEARS AGO

O ditado familiar, frequentemente repetido por músicos que tiveram sucessos e por aqueles que anseiam por um, diz que se alguém soubesse o que exatamente constitui um single de sucesso, essa fórmula poderia ser repetida todas as vezes. Mas quando você considera algumas das misturas que pareciam ridículas no papel e ainda assim se revelaram pura magia quando gravadas, fica claro que canções de sucesso são produzidas por uma combinação de talento, inspiração, sorte e algum tipo de pó mágico que flutua por aí. estúdios de gravação, mas só chega a certos músicos em determinados momentos, como aconteceu com Procol Harum quando eles gravaram “A Whiter Shade Of Pale”.

Afinal, quem poderia ter previsto o sucesso de “A Whiter Shade Of Pale”, que alcançou o primeiro lugar no Reino Unido em 1967, o quinto lugar nos EUA e sobreviveu a tantas outras faixas com toques psicodélicos e florais? daquela época para ser uma das músicas mais duradouras dos anos 60? Foi o primeiro single lançado por uma banda britânica relativamente desconhecida, era impulsionado por uma parte clássica de órgão derivada de Bach e apresentava algumas das letras mais inescrutáveis ​​da época.

No entanto, no momento em que o órgão Hammond de Matthew Fisher perfura o ar, “A Whiter Shade Of Pale” é absolutamente hipnotizante. O cantor do Procol Harum, Gary Brooker, foi responsável por escrever a música, embora a parte do órgão de Fisher fosse tão proeminente que ele também recebeu crédito como compositor após uma prolongada batalha judicial. Keith Reid, que atuou como letrista-chefe da banda, escreveu as palavras que confundiram gerações de fãs que ainda não conseguem evitar de cantar junto.

O que significa “Um tom mais branco de pálido”?

Em entrevista à revista Uncut , Reid esclareceu um pouco a origem e o significado da música. “Eu tinha a frase 'um tom mais branco de pálido', foi o começo, e eu sabia que era uma música”, disse ele. “É como um quebra-cabeça onde você tem uma peça e depois inventa todas as outras para caber nela. Eu estava tentando criar um clima, tanto quanto contar uma história direta, de uma garota que deixa um garoto. Com o teto voando e o ambiente zumbindo mais forte, eu queria pintar a imagem de uma cena.”

O consenso geral é que “A Whiter Shade Of Pale” é um instantâneo de uma escapada sexual bêbada que deu errado. No entanto, a canção desafia uma interpretação específica, em vez disso evoca vários tons de melancolia que são embelezados pela música triste e pela entrega dolorosa de Brooker. Mesmo quando você não consegue entender o significado deles, Reid, que foi claramente influenciado pelas histórias surreais de Dylan de meados dos anos 60, escreve versos que deixam um impacto duradouro, desde a abertura imortal: “We skip the light fandango”.

As tentativas de transformar essas letras em coerência linear são frustradas a cada passo, em parte por pistas falsas (Reid afirmou que a linha “As the miller told his tale” não tem nada a ver com Chaucer) e pelas demandas da rádio pop (dois extras versos foram extirpados para manter o tempo de execução baixo.) Não deixe que isso o incomode. Se você gastar muito tempo tentando entender “A Whiter Shade Of Pale” do Procol Harum, você pode perder sua tristeza majestosamente representada.

Fonte:https://americansongwriter.com/lyric-week-procol-harum-whiter-shade-pale/

A Whiter Shade of Pale (tradução)

Procol Harum

 

A Whiter Shade of Pale

 

We skipped a light fandango

Turned cartwheels 'cross the floor

I was feeling kind of seasick

The crowd called out for more

 

The room was humming harder

As the ceiling flew away

When we called out for another drink

The waiter brought a tray

 

And so it was that later

As the miller told his tale

That her face, at first just ghostly

Turned a whiter shade of pale

 

She said, "There is no reason

And the truth is plain to see"

But I wandered through my playing cards

Would not let her be

one of sixteen vestal virgins

Who were leaving for the coast

 

And although my eyes were open

They might just as well've been closed

And so it was later

As the miller told his tale

That her face, at first just ghostly

Turned a whiter shade of pale

 

And so it was that later

 

 

Um tom mais branco de palidez

 

Nós dançamos um suave fandango

Rodopiamos pelo chão

Eu estava me sentindo meio enjoado

Mas a multidão pedia mais

 

O barulho no salão ficava maior

Enquanto o teto se afastava

Quando gritamos por outra bebida

O garçom trouxe uma bandeja

 

E foi aí que, mais tarde,

Como Miller descreveu no seu conto

O rosto dela, a princípio apenas fantasmagórico,

Ganhou um tom a mais de palidez

 

Ela disse, 'não há razão nenhuma

E a verdade é clara de se ver'.

Mas eu consultei minhas cartas (meus botões)

E não deixaria que ela fosse

uma das dezesseis virgens vestais

Que partiriam para o litoral

 

E embora meus olhos estivessem abertos

Daria no mesmo caso eles estivessem fechados

E foi aí que, mais tarde,

Como Miller descreveu no seu conto

O rosto dela, a princípio apenas fantasmagórico,

Ganhou um tom a mais de palidez

 

E isso foi mais tarde.





Vida fantasiada 
A história das vestais está cercada de mitos



Claudia Quinta por Neroccio de' Landi / Foto: Wikimedia Commons Images

Mito e realidade se confundem quando o assunto é a vida das vestais. Claudia Quinta, que viveu por volta de 200 a.C., era uma delas. Certa vez, foi acusada de imoralidade e seria punida com a pena de morte, mas conseguiu provar publicamente sua inocência (não se sabe como). Alguns relatos sobre as vestais são fantasiosos, como o de que Rhea Silvia, mãe de Rômulo e Remo, os míticos gêmeos fundadores de Roma, que frequentava um colégio de vestais, teria sido seduzida por Marte, deus da guerra. Perigosa, e real, foi Tarpeia, que no século I teria aberto as portas de Roma para os sabinos, um povo que não aceitava a cidadania sem voto estipulada pelos romanos (vem dela o nome da rocha Tarpeia, local de onde as vestais traidoras eram jogadas). A moça acabou pisoteada pelos cavalos dos sabinos durante a invasão à cidade. Já a sacerdotisa Julia Aquila Severa rompeu seus votos de castidade para se casar com o imperador Elagabalus. Ele, para espanto geral, era um homossexual que se travestia de mulher, mas que, mesmo assim, foi casado com três mulheres.


SENHORAS DO FOGO: AS VIRGENS VESTAIS

Em Roma, uma casta de mulheres tinha um status - e obrigações - impensáveis para as outras

ZECA GUTIERREZ PUBLICADO EM 09/06/2017, ÀS 05H40 - ATUALIZADO EM 23/10/2017, ÀS 16H35

 

 No sossego de suas casas, ocupados com as tarefas do cotidiano, os romanos viviam protegidos por uma chama que não podia se apagar. O fogo queimava em uma pira protegida pelas paredes do templo da deusa Vesta, no monte Palatino. Eles não imaginavam como a labareda, que homenageava a divindade encarregada de zelar pela união das famílias da Roma antiga, era mantida acesa. O mistério da chama só era conhecido por poucas pessoas. Em particular por moças abastadas, filhas de família de conduta impecável e virgens. Eram elas, as vestais, as encarregadas de não deixar o fogo apagar.

Reclusas, as sacerdotisas da deusa Vesta recebiam privilégios impensáveis a outras mulheres de sua época e ocupavam um alto status na comunidade. Tinham a obrigação de se manter castas durante 30 anos após escolhidas para a tarefa. Caso violassem a regra, recebiam penas duríssimas. Podiam até terminar enterradas vivas. 

Caso uma vestal quebrasse o código de conduta, estava automaticamente condenada à morte. Ou era enterrada viva ou jogada do alto da rocha Tarpeia, no monte Capitolino. O homem que a profanasse ia para a forca.


Apesar da sombra da punição, ser uma discípula de Vesta era uma honraria ambicionada e rara. Só eram levadas para o monte Palatino as meninas de origem nobre. Com o consentimento dos pais e sem poder de escolha, as garotas eram recrutadas pelo sacerdote supremo do templo antes da puberdade. Ingressavam no grupo sem imaginar que sua principal tarefa era cuidar da chama de Vesta. A escolha, em geral, ocorria quando elas estavam com cerca de 7 anos, mas podia ser mais tarde. “A virgindade era apenas um dos requisitos para a escolha”, afirma a historiadora Renata Senna Garraffoni, professora da Universidade Federal do Paraná. “A menina deveria ser fisicamente perfeita. Além disso, era importante que a família fosse exemplo de perfeição em vários aspectos. Os pais tinham de estar casados, não podiam ter sido escravos nem ter tido qualquer envolvimento com negócios escusos. Órfãs também não eram escolhidas.”

Uma vez selecionadas, as meninas deveriam passar as próximas três décadas isoladas do convívio em sociedade. Viviam cercadas pelos muros altos do templo, localizado nas colinas romanas, onde também ficavam o Fórum e o Circo Máximo. Sob supervisão do Pontifex Maximus, título do maior dos sacerdotes de Roma, a chama do templo era mantida acesa sob disciplina militar. Nos primeiros dez anos de serviço, as vestais estudavam: aprendiam latim, histórias sobre a vida de Vesta – que era, segundo a mitologia romana, virgem – e questões de Estado. Nos dez anos seguintes, a tarefa principal era mais prática: revezar-se para alimentar a chama. A última década era voltada ao ensinamento: elas deveriam passar seu conhecimento para as novatas. Ao todo, entre as mais velhas e as mais jovens, o templo abrigava 18 sacerdotisas.

Considerada eterna e pura, a chama em homenagem à deusa funcionava como uma espécie de garantia de que Roma não seria invadida ou violada. “Por isso há uma relação direta entre a manutenção da virgindade e a proteção da cidade, destinando às vestais um lugar de destaque”, diz a historiadora. Segundo Holt Parker, especialista em estudos clássicos da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, as vestais tinham até privilégios legais: não estavam tuteladas pelo pai ou pelo marido, prática comum entre as romanas. Elas eram tiradas de suas famílias ainda crianças, mas não passavam a pertencer a ninguém mais, tornando-se, assim, independentes e especiais aos olhos da sociedade e da legislação.

Em nome da deusa

O culto a Vesta era uma tradição antiga em Roma. “Muitos estudiosos afirmam que a fé data do período da monarquia e teria sido introduzida pelo rei Numa Pompílio, por volta de 715 a.C.”, afirma Renata. Não existem muitos registros sobre a divindade. Como a deusa não costumava ser representada em esculturas ou pinturas, os dados a seu respeito vêm de textos de autores latinos como Cícero, Plínio e Plutarco. “A grande maioria das informações foi escrita por homens das elites romanas”, diz a historiadora. “As metáforas relacionadas à deusa e a suas sacerdotisas são permeadas por valores masculinos de diferentes momentos da história.” É certeza que a deusa, além de representar o fogo, tinha como tarefa principal guardar a lareira de Roma.

Na época republicana, que foi do fim do reino de Roma em 509 a.C. à criação do Império Romano em 27 a.C., havia cerca de 33 deuses romanos. E, para cuidar de seus cultos, existia toda uma rede de sacerdotes provenientes da aristocracia. “Eles se reuniam em distintos colégios para interpretar as vontades divinas, cuja tradição remonta à influência etrusca. Embora, na sua grande maioria, fossem colégios masculinos, o dedicado a Vesta era formado por sacerdotisas”, diz Renata. 


Fogo divino
Roma e Grécia tinham em comum duas deusas poderosas

A origem de Vesta é cheia de mistérios. Mas sabe-se que ela é uma versão romana de Héstia, deusa do fogo dos gregos. Na tradição grega, a linhagem de Héstia teria sido uma das primeiras a formar o universo: ela era neta de Urano e uma das cinco filhas de Crono e Réia. Um dos irmãos de Héstia era Zeus, caçula que assumiu o posto maior do Olimpo após uma briga familiar. Quando soube que seria destronado para dar lugar a um de seus filhos, Crono engoliu sua prole. Réia, mãe dedicada, salvou Zeus escondendo-o do pai. Quando cresceu, Zeus decidiu vingar-se do pai. Ganhou de Prudência, sua amante, uma droga que obrigou Crono a vomitar os outros descendentes. Héstia voltou à vida e jurou virgindade eterna. Por isso, recebeu do irmão a honra de ser venerada nos lares por meio da chama sagrada. Todas as cidades gregas e romanas veneravam a chama eterna, cada qual com sua versão. Não se sabe, porém, quem veio primeiro: Héstia ou Vesta. “Era comum os romanos classificarem os deuses de outros povos a partir da comparação com os seus próprios”, diz a historiadora Renata Senna Garraffoni. Assim, embora Vesta seja a versão romana de Héstia, há quem defenda que o culto à deusa romana já existia antes do contato com os gregos. “Estudiosos dizem que relatos romanos indicam que as primeiras vestais eram filhas dos reis romanos ou suas esposas.” Tanto Vesta quanto Héstia se mantiveram indispensáveis para a vida social de seus povos no decorrer dos séculos.

As vestais tinham outros papéis importantes na sociedade romana. “Em geral, elas aconselhavam o Senado sobre todos os assuntos referentes a questões divinas, conversavam com o povo sobre temas como a lei sagrada, incluindo a dos mortos, e supervisionavam os assuntos da lei familiar, como adoção e herança”, diz Renata. Se houvesse discussões em família, por exemplo, as sacerdotisas eram chamadas para acalmar os ânimos. E podiam ainda ser solicitadas para cerimônias especiais, como a leitura do testamento de algum imperador. Atividades como cuidar do abastecimento de água para os serviços do templo também estavam no dia-a-dia dessas mulheres. A clausura não era assim tão rigorosa: elas tinham autorização para sair sempre que necessário para participar não só de seus afazeres cotidianos como também de alguns eventos públicos. Nas lutas de gladiadores, por exemplo, tinham cadeira cativa.

Carnaval de virgens

Uma vez ao ano, todas as sacerdotisas deixavam juntas o templo em que moravam e iam para as ruas de Roma. Era a Vestália, festa em louvor à deusa, com data fixa entre 7 e 15 de junho. Tratava-se de um acontecimento único entre os moradores da cidade, que aguardavam ansiosos para ver de perto as tais virgens. Do pouco que se sabe dessa festa, há relatos de que seis dessas mulheres ficavam encarregadas de confeccionar bolos sagrados, feitos com as primeiras espigas de milhete colhidas na estação.

No passeio realizado pela cidade, em espécie de procissão, as vestais eram vistas como celebridades. Enquanto as virgens estavam em liberdade nas ruas, o templo de Vesta era aberto para visitação, mas só para as mães romanas. No fim do percurso, no rio Tibre, as oferendas eram jogadas na água. “A partir de relatos do romano Ovídio, em especial em seu livro Fasti, sabemos que o festival se dava no Fórum e o asno era uma figura importante na procissão”, conta Renata. O carro que carregava as virgens era uma liteira tão luxuosa que, ao passar pelas vielas superpopulosas da cidade, causava alvoroço e comoção.


O sacrifício das sacerdotisas vestais também era empregado em outras ocasiões, como em situações de violência e ataques de inimigos contra Roma. Por serem puras, elas acabavam mortas para a proteção da cidade em momentos difíceis.


Uma vestal podia ser reconhecida pela aparência. O ingresso no templo, ainda na infância, era marcado pelo corte de cabelo: os fios deviam ser aparados na raiz. Com o passar dos anos, porém, passavam a exibir longas madeixas. As cabeças eram coroadas por adereços de lã branca que caíam sobre os ombros e por cima dos seios. Os vestidos brancos obrigatórios eram recobertos por mantos de cor púrpura.

A obrigação de se manter virgem durante os 30 anos de dedicação à deusa Vesta era levada a ferro e fogo. Caso uma vestal quebrasse o código de conduta, estava automaticamente condenada à morte. Ou era enterrada viva ou jogada do alto da rocha Tarpeia, no monte Capitolino. O homem que a profanasse ia para a forca.

O sacrifício das sacerdotisas vestais também era empregado em outras ocasiões, como em situações de violência e ataques de inimigos contra Roma. Por serem puras, elas acabavam mortas para a proteção da cidade em momentos difíceis. Ainda hoje muitos estudiosos questionam até que ponto essa prática foi comum. Alguns explicam que a punição era parte do “pacote” de pertencer ao grupo das vestais. Elas eram consideradas uma espécie de antídoto para as mazelas que a cidade estaria sofrendo.

Tanto os sacerdotes quanto as sacerdotisas eram considerados na sociedade romana os responsáveis pela ordem divina, não podendo exercer outras funções administrativas do governo. Na maioria dos casos, levavam uma vida normal dentro da aristocracia. “A exceção era para as virgens vestais e os sacerdotes de Júpiter, que tinham relações sociais mais restritas e estavam permeados de tabus, como, no caso delas, a virgindade”, afirma a historiadora.

Caso as guerras não vingassem, as pragas não atacassem e a tentação do sexo não prevalecesse, depois de cumprirem os 30 anos de serviços à deusa as vestais ganhavam a liberdade. Com seus 40 anos, tornavam-se Virgo Vestalis Maxima. Entre outros privilégios, elas poderiam continuar a servir a deusa até a morte, já que muitas aceitavam o celibato como as freiras o fazem hoje em dia, ou se casavam com algum grande homem da época, gozando até de uma remuneração do governo, como uma espécie de aposentadoria.

Alguns historiadores afirmam que o imperador Graciano, governante de Roma de 367 a 378, foi o responsável pelo fim da supremacia das vestais. Isso leva a crer que o reinado dessas mulheres teria durado cerca de mil anos. O manda-chuva daquele momento da história não era cristão, mas tinha certa aversão por alguns deuses pagãos. A manobra para acabar com o templo de Vesta foi um exemplo de má política: suspendeu os salários das vestais, desviando todo o dinheiro para o serviço postal imperial. O imperador Teodósio foi quem pôs fim à divina farra romana. Proibiu uma série de tradições antigas, como os jogos de gladiadores, e também encerrou o culto aos antigos deuses. O templo de Vesta foi fechado em 394. A última Vestalis Maxima conhecida, Coelia Concordia, morreu no mesmo ano, pouco tempo depois.

Fonte:https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/senhoras-do-fogo-as-virgens-vestais.phtml


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